Cientistas podem ter desvendado o mistério da camada E-prime da Terra, uma camada formadora de cristais que envolve o núcleo do planeta. Esta descoberta, apontando para a “água vazando” da superfície da Terra como a causa, desafia as suposições de longa data sobre a interação entre as camadas da Terra.

Descoberta da Camada E’

Geólogos na década de 1990 se depararam com a camada E’, uma seção relativamente fina, com 96 quilômetros de espessura, envolvendo o núcleo externo da Terra, localizada a cerca de 2900 quilômetros abaixo da superfície. Esta camada, situada entre o metal líquido giratório do núcleo externo e o núcleo interno sólido, tem sido objeto de intensa curiosidade científica. Teorias iniciais sugeriam várias origens: remanescentes de antiga magma rica em ferro, um subproduto da colisão formativa da Terra com um protoplaneta, ou vazamento do núcleo interno. No entanto, nenhuma dessas hipóteses ganhou aceitação generalizada, deixando as origens da camada E’ envoltas em mistério.

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O Papel da Água na Formação da Camada E’

O estudo recente publicado na Nature Geoscience apresenta uma explicação inovadora. Os pesquisadores propõem que a água escorre da superfície através de placas tectônicas subduzindo, reagindo com a composição metálica do núcleo externo. Esta interação, sugerem, é responsável pela criação da camada E’.

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Experimentos de laboratório simulando essas condições revelaram um processo fascinante. O hidrogênio da água substitui a sílica dentro do metal líquido, forçando a sílica para fora em forma de cristal. Isso indica que a camada E’ provavelmente é rica em hidrogênio e pobre em sílica, contradizendo crenças anteriores sobre sua composição. Curiosamente, esse processo poderia ter produzido vastas quantidades de cristais de sílica, posteriormente incorporados no manto da Terra.

Os cristais de sílica são forçados a sair do metal líquido quando a água atinge o núcleo externo

Este estudo não apenas lança luz sobre a formação da camada E’, mas também sugere que ela pode ser mais antiga que o núcleo interno, com seu desenvolvimento abrangendo mais de um bilhão de anos.

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Implicações: Repensando as Interações Núcleo-Manto

Essas descobertas têm implicações significativas para nossa compreensão das dinâmicas internas da Terra. Elas sugerem uma relação mais complexa e interativa entre o núcleo e o manto do que se pensava anteriormente. A mesma equipe de pesquisa, em uma descoberta relacionada, descobriu que a água vazando também pode interagir com reservatórios de carbono no núcleo externo, potencialmente criando grandes formações de diamantes perto do limite núcleo-manto.

Dan Shim, coautor do estudo e geocientista da Universidade Estadual do Arizona, enfatiza a importância dessas descobertas. Ele observa que desafiam a visão tradicional de uma troca de material mínima entre o núcleo e o manto da Terra, apontando, em vez disso, para uma interação dinâmica e substancial.

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